tag:blogger.com,1999:blog-7037720303476533134.post4776419397590934274..comments2022-01-03T05:49:32.281-08:00Comments on Do Capitalismo para o Digitalismo: 05.03 Especialistas de todos os saberes uni-vosF. Penim Redondohttp://www.blogger.com/profile/00731930206082899728noreply@blogger.comBlogger2125tag:blogger.com,1999:blog-7037720303476533134.post-28670775902923201882008-08-20T11:02:00.000-07:002008-08-20T11:02:00.000-07:00Caro Nelson,antes de mais os meus agradecimentos p...Caro Nelson,<BR/><BR/>antes de mais os meus agradecimentos por se dar ao trabalho de formular a sua opinião. Nos dias de hoje não é fácil conseguir leitores e, ainda menos, obter deles algum retorno.<BR/><BR/>Sobre Marx e a nossa "fidelidade" a Marx eu vejo a questão desta forma: ele é incontornável, é quase impossível pensar numa coerência evolutiva da sociedade sem tropeçar em alguma das suas teses.<BR/><BR/>Não nego que o nosso percurso pessoal nos condiciona e o livro, em grande medida, foi escrito a pensar nos "órfãos do socialismo real". A sua génese em 1990 é sintomática. Não tenho problema nenhum em reconhecer isso.<BR/><BR/>Apesar disso penso que é claro que certas teses, como a "sucessão dos modos de produção" e a sua lógica, nos são caras enquanto que outras, como a "teoria do valor baseada no tempo de trabalho socialmente necessário", nos parecem bastante ultrapassadas.<BR/><BR/>Partilho a sua dúvida acerca da necessidade e utilidade de invocar o carácter científico do marxismo.<BR/><BR/>Quanto à linearidade das nossas "previsões" acerca da evolução futura do modo de produção capitalista:<BR/><BR/>- quando estamos a defender uma ideia que consideramos inédita temos sempre a tentação de simplificar para garantir a eficácia da comunicação.<BR/><BR/>- o resultado que gostaríamos de obter era alertar para um conjunto de mecanismos, acelerados pela tecnologia, que estão a funcionar na nossa época e que pensamos estarem a socavar o assalariamento. <BR/><BR/>- realmente não temos uma visão determinista nem mecânica do que está a acontecer em diversos campos e sob diversas formas. Estamos a pensar iniciar um blog dedicado à colecção de factos sociais e económicos do dia a dia onde tais mecanismos se manifestam.<BR/><BR/>- Estamos cientes de que neste processo, que não sabemos quando e como vai terminar, podem ocorrer perturbações.<BR/>Eu penso, por exemplo, que a experiência do "capitalismo chinês" recriou temporáriamente um "proletariado convencional", numa espécie de sub-"Revolução Industrial". Este facto veio interromper o curso do digitalismo tal como vinha acontecendo mas pode, mais tarde, dar-lhe um impulso decisivo.<BR/><BR/>Dito isto, apenas para explicar um pouco melhor a nossa posição, devo dizer que o que mais me agradou no seu comentário ao nosso livro foi mencionar a "reflexão que ele me porporcionou".<BR/><BR/>Sempre foi esse o nosso objectivo principal.<BR/><BR/>Fernando e RosaF. Penim Redondohttps://www.blogger.com/profile/00731930206082899728noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-7037720303476533134.post-44971090774543869402008-08-19T23:14:00.000-07:002008-08-19T23:14:00.000-07:00A leitura de alguns capítulos de “O Capital” – ain...A leitura de alguns capítulos de “O Capital” – ainda vou no princípio – não me habilita, como é evidente, a emitir opinião segura sobre o espaço de aplicabilidade, ou não, que o pensamento de Marx possa ainda ter na análise do mundo de hoje. Mas, na minha perspectiva, onde nunca foi possível o entendimento do totalitarismo sempre implícito em qualquer “ismo”, também não tenho isso como decisivo. O que tenho, isso sim, é alguma dificuldade em compreender a necessidade dos autores manterem como premissa, no seu trabalho, como que uma espécie de compromisso de fidelidade a Marx. Bem explícita na ideia de “ajustar o pensamento de Marx”.<BR/><BR/>E sinto-me relativamente à vontade para questionar este “marxismo afectivo”, já que nem sequer faço parte daqueles, para quem em Marx deslustra o que não é científico. Aliás, o que teria sido dispensável é que ele – ou Engels por ele, ou ambos – tivessem reclamado para a sua obra, de forma tão veemente, a qualidade de “científica”. Com efeito, o entendimento do mundo não se esgota nas pistas proporcionadas pela ciência.<BR/><BR/>Por exemplo, parece-me que a denúncia da “exploração do homem pelo homem”, através da apropriação da mais-valia, bem como a rejeição dessa condição, pertence muito mais ao foro da moral do que da ciência. E nem por isso perde legitimidade.<BR/><BR/>Por isso, em meu entender, faria mais sentido que, em vez de ser dado como premissa a actualidade do pensamento de Marx surgisse como conclusão.<BR/><BR/>Outro aspecto que na obra me parece poder induzir um entendimento errado no leitor menos crítico – embora esteja certo não ser essa a ideia dos autores – diz respeito ao que me parece ser um desenho demasiado preciso e linear no que se refere a previsão do processo de evolução do modo de produção capitalista, e sua super-estrutura, para outro modelo, com base nas técnicas digitais e no conhecimento.<BR/><BR/>Admito que, num calendário histórico de longo prazo, a hipótese avançada – com mais ou menos percalços – se possa concretizar. Mas também não ignoro que a história não é um processo regular e apresenta descontinuidades. No ocidente, por exemplo, entre o brilho das civilizações antigas e o século das luzes houve a idade média.<BR/><BR/>Penso por isso que, à geometria demasiado regular da hipótese desenhada pela Rosa e pelo Fernando, fosse preferível uma geometria mais difusa, onde a excessiva nitidez dos contornos tivesse sido substituída por “margens de incerteza”. Que representassem a probabilidade de, por exemplo – entre o capitalismo e o digitalismo – ocorrência de cenários de turbulência social de dimensão e consequências difíceis de prever.<BR/><BR/>E quanto à proposta – e à sua razão – de dar à nova ordem social a designação de “socialismo”, mesmo antes de a conhecer ou saber se terá alguma relação com as ideias que o termo hoje conota, aí parece-me que os autores ainda se mantêm afectivamente ligados ao tal SP (socialismo prematuro) :-)))<BR/><BR/>Mas estas breves considerações, que nem sequer crítica se pretendem, estão longe de ter diminuído o interesse que de facto encontrei na leitura do trabalho, e da reflexão que ele me porporcionou. Assim como achei também deveras interessante o artigo publicado na Vértice. <BR/><BR/>Por isso os meus parabéns a ambos e aguardam-se mais trabalhos.<BR/><BR/>nelson anjosAnonymousnoreply@blogger.com